Sunday, February 19, 2012

Shamballa – a filosofia por trás do estilo

De diversos estilos, shamballas remetem ao sagrado e à identidade de quem a sua
Após quase deixar uma vendedora louca, você escolheu o vestido perfeito para seu corpo. Depois, passou mais de uma hora sentada na cadeira de sua cabeleireira, morrendo de calor com aquele “soprinho gostoso” do secador. Foi difícil, mas achou um acessório que é praticamente irmão da sua sandália e, assim, tudo se encaixou. Pronto! O sacrifício valeu a pena, pois você vai linda para o casamento da sua melhor amiga. Mal sabe que vai passar por uma situação um pouco embaraçosa: na porta da igreja, você se depara com uma mulher com um vestido EXATAMENTE igual ao seu. Mesma cor, comprimento, etc.
Ficção? Claro que não. Já aconteceu, inclusive, com essa humilde jornalista que vos escreve. Aí, a artesã Arine Paleari pergunta: “Que mulher não gosta de se sentir única?”. Eu respondo, em nome das minhas leitoras: “NENHUMA!”. Todas querem brilhar por algo que as diferencie.
A boa notícia vem por meio de uma febre fashion: a pulseira  denominada shamballa. A arte parece que veio com uma missão: a de quebrar (ao menos no que se diz respeito a acessórios) a produção a toque de caixa de peças idênticas. Você pode até ir a uma festa e ver que todos os pulsos femininos aderiram à moda, mas as peças nunca serão idênticas, como no episódio do casamento.
Porque uma das principais ideias deste acessório é que ele seja exclusivo e acarretado de valores, de desejos e da personalidade de quem o usar.  Pelo menos Arine, ao confeccioná-lo, respeita esta filosofia. “Não crio nada igual. Mesmo que uma cliente viu e gostou de alguma peça, eu não a copio integralmente. Posso usar as mesmas cores e pedras, mas a ponta, por exemplo, será inspirada na personalidade daquela mulher.”
Arine refere-se àquela parte que fica caída, a ponteira após o fecho. Aliás, o próprio fecho pode ser personalizado e a ponta, trás o pingente que a freguesa escolher - seja em forma de bolsinha de dinheiro, de borboleta, de lua ou de estrela. Vale unir imaginação e criatividade. 
Como não bastasse ser a demonstração do que você é, a pulseira foi inspirada no terço budista. Sendo assim, deixa implícita a ideia de proteção, tornando-se um elo entre o sagrado e o humano.

Paz, terapia e fonte de renda
Arine Paleari pode levar somente 20 minutos para confeccionar as pulseiras

Aficionada por artesanato desde os 8 anos de idade, Arine começou com ponto cruz. Depois passou para crochê e tricô. Hoje, adulta e professora de Educação Física, aprendeu a fazer shamballa. Com macramê, algumas peças coloridas e um alicate, a professora se sente em paz. “Para mim, o artesanato em si é o que pode me proporcionar traquilidade, é um momento que uso para escutar uma palestra, ou o que eu faço num dia em que estou muito cansada. Carrego na bolsa, pois posso criar algo na rua.”
Quem vê a professora tão íntima do alicate e com uma habilidade e rapidez incríveis, pensa que ela se dedica há anos à confecção da pulseira. Mas não, faz apenas um mês e meio. E as primeiras criações, ela conta, foram vendidas de imediato. “Não pude pegar uma para mim”. O segredo do sucesso? Paixão pelo que faz. “Só faço o que eu gosto. Quase não produzo algo em crochê, por exemplo, por não ser muito fã.” Com isso, Arine vê como terapia e lazer algo que hoje é tudo isso e mais um meio de ganhar “uns trocados”. Suas criações variam entre R$ 15 e R$ 40 (nas boutiques, o preço pode chegar a R$ 90). Nessas horas, as redes sociais ajudam. Ela recebe pedidos também por meio do Facebook, na Fan Page Artesanato – o lazer que virou negócio.

Um presente e tanto!
Sensual, descolada, para o dia ou para a noite: presente é personalizado

A shamballa não deixa de ser uma boníssima dica de presente. “Me dê as características de quem você quer presentear e eu posso criar a peça mais sensual,ou clássica, ou tranquila, com bolas grandes ou pequenas, da cor preferencial...”, brinca a artesã. Aliás, ela ri ao lembrar que as primeiras pulseiras tinham a sua cara: bolas pequenas, algo mais discreto. “Foi quando recebi pedidos de peças mais exóticas, bolonas mesmo”, confessa. “Mas vale ressaltar o lado espiritual. Se alguém tem necessidade de se apegar a um objeto para fazer a fé crescer, este é uma lembrança que vai ficar marcada.”
Há ainda mais um detalhe: esse presente é sinônimo de rapidez. Arine leva, em média,de 20 minutos a uma hora para produzir sua arte.Então, se você lembrou daquele aniversário só quando sentiu vontade de comer brigadeiro, fica aí a dica.
Quanto às cores, as tendências são, de acordo com a professora: laranja, preto (que é clássico) e palha.
E o mais importante, quando confeccionada com cores e pedras corretas, a shamballa não é tipicamente feminino. Em sua fan page, por exemplo, Arine tem até uma foto do piloto Lewis Hamilton usando uma. Michael Schumacher, Justin Bieber e o estilista italiano Valentino estão entre outros donos de pulsos famosos que aderiram o artefato.

Início
Os irmãos Mads (à esquerda) e Mikkel Kornerup são proprietários da Shamballa Jewels

 
O nome provém da tradição budista. Representa a união do homem com todas as energias cósmicas simbolizadas pelo lugar sagrado, a Shamballa. Afastando assim todos os fluídos negativos.
Sua grafia difere, podendo ser encontrada como Shambhala, Sambala, Shambala e Shamballa. No budismo tibetano, trata-se de um local místico, que fica na Ásia central. Seus habitantes são chamados de “povo iluminado”, pois em sânscrito, Shamballa significa “um lugar de paz e felicidade”. 
As verdadeiras shamballas são joias caras produzidas com pedras preciosas, como diamante, ágata, topázio – tudo tendo como base o fio macramê. A produção do artefato surgiu em 2004, dez anos após o designer Mads Kornerup ter aberto uma joalheria homônima em Paris. Após a expansão do negócio, com lojas em outros países, ele se uniu ao seu irmão Mikkel e criaram a pulseira. Hoje, seu negócio rodou o mundo, passando por países como Estados Unidos, Dinamarca e Suíça, entre outros.
Celebridades – homens e mulheres – já usaram seus produtos para ilustrar capas de várias das principais revistas de moda do mundo, tais como Vogue Itália, Vogue Paris, Vogue Espanha, Elle, V-Man e Gotham Magazine.

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