Neste domingo (11), o Pará foi às urnas para decidir sobre tornar-se dois: Carajás e Tapajós - estes entrariam para os livros de Geografia, além de colaborar para as páginas históricas do país e do mundo. Mais que isso: pessoas nascidas e criadas naquele Estado teriam de conviver com essa condição divisória, cuja simples menção gerou revolta em alguns e reforçou a briga entre grupos separatistas.
A votação foi ontem, em forma de um plebiscito histórico, já que foi a primeira vez que os brasileiros foram consultados sobre a divisão de um Estado. A última unidade da Federação criada no Brasil foi Tocantins, em 1988. Porém, somente o Congresso Nacional decidiu, deixando de fora os eleitores de Goiás, que teve a parte norte desmembrada.
Morador de Barretos, médico é um dos precursores da campanha
Ele viveu no Pará por 18 anos, atuando como médico e subprefeito de Rio Maria. Edvair Vilela de Queiroz, dr. Edvair para os conhecidos, ao lado do deputado Giovanni Queiroz (PDT), foi um dos primeiros a lutar pela divisão, visando melhor distribuição de riquezas.
O movimento surgiu há mais de 10 anos, quando ambos fizeram o Primeiro Comitê Pró-Carajás-Rio Maria.
Na concepção do doutor, um dos benefícios da divisão é diminuir o Estado, melhorando a gestão do mesmo. “Pois, o Pará é muito grande – 1.250,000km2”, completa o médico, que também é um dos acionistas do Grupo Minerva S.A.
De acordo com o estudo do economista Rogério Boeuri, publicado este ano no site Brasil, Economia e Governo, do Instituto Fernand Braudel, o retalhamento do Estado seria insustentável do ponto de vista fiscal.Tapajós gastaria R$ 1,9 bilhão com o custeio da máquina administrativa por ano, o equivalente a 44% de seu PIB. Já Carajás iria dispor de R$ 3,7 bilhões por ano em custeio. Ambos os montantes, gastos com a burocracia dos possíveis novos Estados.
Ambientalistas compreendem que o meio ambiente sofreria caso os paraenses aderissem à separação. “São técnicos, pois nunca viveram na região. A grandeza do Estado cria também uma distância entre problemas e suas soluções", defende dr. Edvair.
Quanto ao deputado federal, o autor do projeto de lei que deu origem ao plebiscito, este acredita que a derrota causará um "trauma" na população.
"O Pará já estava dividido em três regiões. Mas hoje politicamente está absolutamente rachado."
"O Pará já estava dividido em três regiões. Mas hoje politicamente está absolutamente rachado."
De acordo com reportagem do UOL Notícias, publicada nesta segunda-feira (12), questionado de como iriam ficar as relações institucionais e dos políticos de Tapajós e Carajás pós-plebiscito, Queiroz atacou o governo do Estado e foi mais incisivo nas críticas.
"Vai ficar coisa nenhuma. Aqui é radicalização. O governo só sobrevive no sul porque os prefeitos mantêm a gasolina para as delegacias, ajudam na Fazenda, na Justiça. Quem mantém o Estado aqui é o prefeito. O governo não repassa há três meses o dinheiro aos municípios. Isso acontece porque é governado por esses que aí estão", afirmou.
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