Monday, December 12, 2011

Em plebiscito histórico, paraenses rejeitam divisão de Estado

Neste domingo (11), o Pará foi às urnas para decidir sobre tornar-se dois: Carajás e Tapajós - estes entrariam para os livros de Geografia, além de colaborar para as páginas históricas do país e do mundo. Mais que isso: pessoas nascidas e criadas naquele Estado teriam de conviver com essa condição divisória, cuja simples menção gerou revolta em alguns e reforçou a briga entre grupos separatistas.
A votação foi ontem, em forma de um plebiscito histórico, já que foi a primeira vez que os brasileiros foram consultados sobre a divisão de um Estado. A última unidade da Federação criada no Brasil foi Tocantins, em 1988. Porém, somente o Congresso Nacional decidiu, deixando de fora os eleitores de Goiás, que teve a parte norte desmembrada.   
Morador de Barretos, médico é um dos precursores da campanha
Ele viveu no Pará por 18 anos, atuando como médico e subprefeito de Rio Maria. Edvair Vilela de Queiroz, dr. Edvair para os conhecidos, ao lado do deputado Giovanni Queiroz (PDT), foi um dos primeiros a lutar pela divisão, visando melhor distribuição de riquezas.
O movimento surgiu há mais de 10 anos, quando ambos fizeram o Primeiro Comitê Pró-Carajás-Rio Maria.
Na concepção do doutor, um dos benefícios da divisão é diminuir o Estado, melhorando a gestão do mesmo. “Pois, o Pará é muito grande – 1.250,000km2”, completa o médico, que também é um dos acionistas do Grupo Minerva S.A.
De acordo com o estudo do economista Rogério Boeuri, publicado este ano no site Brasil, Economia e Governo, do Instituto Fernand Braudel, o retalhamento do Estado seria insustentável do ponto de vista fiscal.

Tapajós gastaria R$ 1,9 bilhão com o custeio da máquina administrativa por ano, o equivalente a 44% de seu PIB. Já Carajás iria dispor de R$ 3,7 bilhões por ano em custeio. Ambos os montantes, gastos com a burocracia dos possíveis novos Estados. 

Ambientalistas compreendem que o meio ambiente sofreria caso os paraenses aderissem à separação. “São técnicos, pois nunca viveram na região. A grandeza do Estado cria também uma distância entre problemas e suas soluções", defende dr. Edvair. 
Quanto ao deputado federal, o autor do projeto de lei que deu origem ao plebiscito, este acredita que a derrota causará um "trauma" na população.

"O Pará já estava dividido em três regiões. Mas hoje politicamente está absolutamente rachado."

De acordo com reportagem do UOL Notícias, publicada nesta segunda-feira (12), questionado de como iriam ficar as relações institucionais e dos políticos de Tapajós e Carajás pós-plebiscito, Queiroz atacou o governo do Estado e foi mais incisivo nas críticas.

"Vai ficar coisa nenhuma. Aqui é radicalização. O governo só sobrevive no sul porque os prefeitos mantêm a gasolina para as delegacias, ajudam na Fazenda, na Justiça. Quem mantém o Estado aqui é o prefeito. O governo não repassa há três meses o dinheiro aos municípios. Isso acontece porque é governado por esses que aí estão", afirmou.

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