Aline Gusmão
Na noite desta quarta-feira (25), os cariocas foram forçados a lembrar a tragédia do edifício Palace 2, que matou 8 pessoas ao desabar parcialmente, na Barra da Tijuca (zona sul do Rio de Janeiro). Mais de uma década depois, três prédios desabaram no centro da cidade, matando 3, ferindo seis e deixando 21 pessoas desaparecidas, segundo a Defesa Civil. O órgão ressaltou nesta tarde que os três corpos já foram retirados dos escombros e que são três homens adultos.
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, afirmou pela manhã em entrevista à Globo News que a hipótese de que uma explosão de gás teria provocado o desabamento já foi descartada e que, no momento, a investigação aponta para um problema estrutural no edifício maior.
Já em 22 de fevereiro de 1998, 130 famílias ficaram desabrigadas por conta de uma estrutura precária. O Palace 2 havia sido erguido pela construtora Sersan, que pertencia ao então deputado federal Sérgio Naya. De acordo com o Crea (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura), o desabamento ocorreu devido a falhas no projeto de dois pilares e a uma suposta má execução da obra.
Segundo laudo do ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli), 78% dos pilares do edifício haviam sido construídos com coeficiente de segurança abaixo do estabelecido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas.
Após o desabamento, Naya foi expulso do PPB, partido ao qual pertencia na época, cassado pela Câmara dos Deputados e proibido de exercer a profissão de engenheiro pelo Crea do Estado do Rio de Janeiro. Também teve seus bens e os das empresas que dirigia embargados pela Justiça.
Em dezembro de 1999, Naya foi preso em Brasília, acusado de ser responsável pelo desabamento, mas só ficou detido 26 dias. Em maio de 2001, foi absolvido pela Justiça, assim como o engenheiro de campo da obra, Sérgio Murilo Domingues. Apenas José Roberto Chendes, que havia feito os cálculos do projeto, foi condenado a prestar serviços à comunidade.
As indenizações começaram a ser pagas somente no início de 2002. Até 2008, uma década após a tragédia, nem todas as famílias haviam recebido o dinheiro, que não vai trazer de volta entes queridos, pertences, o lugar que escolheram para viver. Mas que é delas por direito, e que se abrirem mão, a impunidade se tornará um monstro com toneladas a mais e com mais cabeças do que já tem, atingindo as vítimas da corrupção que assola os mais humildes.
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